Foi duro demais...
Dias e noites em prantos copiosos... dor no âmago de minha alma. Desaprendi de sorrir subitamente. Sem esforço algum ou fingimento. Muitos vivem o luto do coração sem muitas alterações. Naturalmente, como ordem natural da vida.
Eu não... jamais conseguiria. Até hoje meu sorriso é triste e embargado na alma. Dura realidade só minha.
Antes...
Ao acordar, te esperava crendo que me despertarias... virias me dar o bom dia, o beijo costumeiro e tão esperado. Acordavas antes de mim. Algumas vezes, poucas, os olhos que haviam sido beijados ao adormecerem, despertavas juntinho.
Até a hora do almoço, fazíamos nossas coisas diárias.
Eu cuidava do almoço, depois de termos tomado nosso café matinal como gostávamos ambos.
A manhã ia passando devagarzinho e feliz.
Com mensagens quando saias, emojis ao celular e muito carinho. Tuas comidas preferidas, nossos gostos em comum nos paladares... tudo muito gostoso, saboroso.
O almoço era nosso encontro certeiro, nunca atrasavas. Tínhamos nossos horários a dois bem certinhos.
Vinha a habitual soneca também juntinhos.
À tarde, sempre bem ocupados estávamos.
O ócio não nos pertencia. Sempre que precisavas de algo, até ligação, tu me atendias mesmo que estivesses ocupado em algum afazer mais urgente.
Procurava não te molestar e algumas vezes, a saudade me impelia a uma rápida ligação ou mensagem. Um momentinho de mimos trocávamos com ternura.
"Nascemos para amar...
Vai, tarde ou cedo, aos laços da ternura.
Tu és doce atractivo, ó Formosura,
Que encanta, que seduz, que persuade."
Tudo era lindo demais.
Finalmente vinha o anoitecer, depois da nossas preces vespertinas, lanche do anoitecer.
Gostavas quando era servido algo mais suculento, se fazia frio ou algo bem gostoso no frescor da entrada do descanso do sol...
Tudo em uníssono vivíamos. Era a cumplicidade que nos movia e envolvia.
O encanto da noite era o momento mágico de boa e longa prosa, vias futebol e eu tecia e, pelo nosso time, eu também torcia.
Abençoávamo-nos, num abraço azul, dormíamos enlaçados e de mãos dadas, num afago insubstituível e fora do normal da maioria dos casais que conhecíamos.
Nossa prosa noturna era sempre longa, envolta em aconchego e muita intensidade.
O dormir era só uma necessidade física, sabíamos que ao abrirmos nossos olhos, um estaria ali pertinho para o outro, prontos para tudo recomeçar e amar de novo e novamente... todas as vezes que quiséssemos, sem hora marcada, sem dia certo, a tempo e a hora de nossas buscas e desejos do coração bem cheios de afinidades...
E assim vivíamos... dia após dia, ano após ano.
"Para me acostumar
À tua intermitente ausência
Ensinei às timbilas
A espera do silêncio. "
Agora...
No céu, haverá o reencontro!
Abençoada Semana Santa aos amigos.
"Eu aceitei sua partida, mas nunca vou aceitar sua ausência"